Fugir nem sempre é ser covarde!

Esta semana comecei um devocional diferente do que costumo fazer. Escolhi um personagem bíblico com o qual me identifico ou tenho curiosidade em saber a respeito. E o escolhido foi José (do Egito).

Confesso que já li sua história por umas três vezes, mas dessa vez resolvi em meu coração, que leria novamente e a terminaria com grandes descobertas e ensinamentos de Deus para a minha vida. E de fato foi o que aconteceu, hoje quero compartilhar apenas uma parte das muitas lições que temos neste texto fascinante.

Hoje quero falar sobre a Ação de José em rejeitar a mulher de Potifar e o que essa ação lhe causou.

Mas ele se recusou e lhe disse: “Meu senhor não se preocupa com coisa alguma de sua casa, e tudo o que tem deixou aos meus cuidados. Ninguém desta casa está acima de mim. Ele nada me negou, a não ser a senhora, porque é a mulher dele. Como poderia eu, então, cometer algo tão perverso e pecar contra Deus? ” … Ela o agarrou pelo manto e voltou a convidá-lo: “Vamos, deite-se comigo! ” Mas ele fugiu da casa, deixando o manto na mão dela. (Gen 8:9 e 12)

Quando assediado pela mulher, José recusou a proposta com a declaração de que jamais poderia fazer uma coisa tão perversa e assim pecar contra Deus!

Se pensarmos como o mundo pensa, José tinha nessa mulher “boas” oportunidades de sucesso, afinal ela era a mulher de um dos homens mais poderosos do Palácio. E em contrapartida, rejeitá-la também poderia lhe trazer alguns problemas.

Pois bem, o que acho lindo é que a bíblia fala que José fugiu da presença daquela mulher, para não pecar contra Deus. E se analisarmos, nos encontramos em situações muito parecidas em nossas vidas, diariamente! Temos sempre um pecado querendo nos envolver, nos trazer “benefícios” temporários, ou nos mostrar o quanto seremos “prejudicados” se não o aceitarmos em nossas vidas.

E José, sem se prender ao que poderia ganhar ou perder só pensou em uma coisa: não pecar contra Deus! O Temor (obediência) dele a Deus era o que o fazia fugir de tudo aquilo que poderia ir contra a vontade do seu Senhor. Uma observação importante á ser feita é que a pena egípcia para a tentativa de estupro de uma mulher casada era a morte.Ou seja, José estava disposto á morrer se fosse preciso para odebecer a lei do Deus de seus pais, tamanha era a sua confiança no Deus que havia lhe deu um sonho que sua fé era inabalável. E é o que temos que buscar para as nossas vidas hoje! Assim como José, eu não quero pensar em outra coisa a não ser fugir para Deus quando a tentação vier. Não quero pensar na minha necessidade, não quero pensar no que eu posso ganhar e nem no que eu posso perder. Eu quero apenas fugir para os braços de Deus, pois lá eu encontro refúgio e fortaleza para enfrentar qualquer situação.

Então por amor, obediência e temor, José optou por agradar a Deus. Sua ação o levou a um destino: o cárcere! Veja você que ironia, da obediência à prisão. E isso acontece conosco. Por quantas vezes fugimos do pecado e somos jogados em “cárceres” pela sociedade, alguns pelos familiares e amigos? Por fugir dos padrões deste mundo muitas vezes pagamos um alto preço. José era para ter sido morto mas foi apenas preso, mostrando o plano soberano de Deus e posteriormente EM sua libertação confirmou o CUIDADO de DEUS em sua vida. “Ele tem cuidado de vós” ainda que sejamos presos injustamente, condenados por um mundo sem regras, se você optar em ir na contramão de tudo para agradá-lo, esteja certo, Ele olhará por você!

Porém, MESMO DEUS sendo com José, não mudou instantaneamente sua condição de preso e condenado INJUSTAMENTE!

José nessa situação poderia muito bem reclamar, murmurar, cobrar de Deus “JUSTIÇA” diante daquela situação, mas ele não fez isso. Ele pagou o preço porque confiava nos planos de Deus para a sua vida. Sabia que por mais que a situação mostrasse o contrário, Deus estava no controle e que cedo ou tarde o tiraria dali, e foi o que aconteceu. Dois anos depois José saiu da prisão. José estava longe de casa, longe de seus pais , mas não longe de Deus.

O mais intrigante na historia de José, era justamente sua visão de fé, pois ele conseguia enxergar em absolutamente TUDO um plano maior, ele entendeu sua identidade espiritual, pois sabia que lá na frente Deus irá usá-lo para salvar a descendência de Israel, e assim dar continuidade ao povo de Deus. Ele dependia de Deus, confiava plenamente nos seus propósitos e depositava toda sua esperança Nele.

Para José, Deus não era simplesmente um “bombeiro” que corre só para apagar o fogo dos problemas, mas um amigo de todas as horas. José creu que o cárcere era apenas uma parte do plano de Deus e não a conclusão, era um degrau para o palácio. E por isso, por sua obediência, confiança, Deus pode terminar a grande obra que tinha pra fazer em sua vida.

Queridos, que a história linda de José nos desafie a agradarmos e obedecermos a Deus em qualquer circunstância. Confiarmos que as promessas de Deus irão se cumprir em nossas vidas no tempo determinado. Aprender que temos que fugir do pecado, ainda que isso nos resulte em um cárcere (temporário). Mesmo que para isso seja necessário perder alguma coisa. Que José nos ensine que podemos estar longe de casa, longe das pessoas que amamos, mas nunca podemos estar longe de Deus. E que podemos estar num palácio reinando ou num cárcere preso, Deus sempre estará trabalhando em nossas vidas, afim de nos fazer bem.

Com amor,

Natália.

Via: Bom dia Pai

O beijo do Todo-Poderoso

Toda história da revelação é a da conversão progressiva de um Deus visto como Deus de poder a um Deus adorado como amor. E dizer que Deus é amor é dizer que Deus é todo amor.

Tudo está neste “É TODO”. Eu os convido a passar pelo fogo da negação, pois só além dele é que a verdade realmente se destaca. Deus é Todo-poderoso? Não. Deus é todo Amor, não me venham dizer que ele é Todo-poderoso. Deus é infinito? Não, Deus é todo Amor, não me falem de outra coisa. Deus é sábio? Não. Eis o que chamo atravessar o fogo da negação: é absolutamente necessário passar por isso. A todas perguntas a mim dirigidas, responderei: não! não! Deus é todo Amor.

Dizer que Deus é Todo-poderoso é propor como pano de fundo um poderio que se pode exercer pela dominação, pela destruição. Há seres suficientemente poderosos para a destruição (vejam Hitler, que matou seis milhões de judeus). Muitos cristãos propõem o Todo-poderoso como pano de fundo e depois acrescentam: Deus é amor, Deus nos ama. Isso é falso! O amor é que é todo-poderoso.Se Deus é Todo-poderoso, ele o é pelo amor, o amor é que é Todo-poderoso.

Às vezes dizemos: “Deus pode tudo!” Não, Deus não pode tudo, Deus só pode o que o amor pode. Pois ele é todo amor. E todas as vezes que saímos da esfera do amor erramos sobre Deus e estamos em vias de fabricar algum tipo de Júpiter.

Espero que vocês captem a diferença fundamental que há entre um todo-poderoso que nos ama e um amor todo-poderoso. Um amor todo-poderoso não só é incapaz de destruir seja o que for, como é capaz de enfrentar a morte.

Em Deus não existe outro poder além do poder do amor, e Jesus nos diz (ele é que nos revela quem é Deus): “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (João 15:13). Ele nos revela o poder total do amor ao consentir em morrer por nós. Quando Jesus, no Jardim das Oliveiras, foi flagrado pelos soldados, preso e amarrado, ele mesmo nos disse que poderia ter apelado para legiões de anjos, que o arrebatariam das mãos dos soldados. Absteve-se de fazê-lo, pois nos teria assim revelado um falso Deus, teria revelado um todo-poderoso, ao invés de nos revelar o verdadeiro, aquele que vai até a morte pelos que ama. A morte de Cristo nos revela o que é o poder total de Deus; não um poder de esmagamento, de dominação; não é um poder arbitrário, do qual diríamos: “Que estará ele tramando lá em cima?” Não, ele é todo amor, e esse amor é todo-poderoso.

Reintegro os atributos de Deus (poder absoluto, sabedoria, beleza…), mas esses são atributos do amor. Daí a fórmula que lhes proponho: “O amor não é um atributo de Deus, entre outros, mas os atributos de Deus são os atributos do amor”.

O amor é todo-poderoso.

O amor é sábio.

O amor é belo.

O amor é infinito.

Que é um amor todo-poderoso? É aquele que atinge o ápice do amor. E o poder total do amor é a morte: ir até o ápice do amor é morrer por quem se ama. É igualmente perdoá-lo. Se há entre vocês quem haja passado pela dolorosa experiência de uma rixa em família, ou num grupo de amigos, saberá até que ponto é difícil perdoar verdadeiramente. É preciso um amor rudemente poderoso para perdoar, perdoar realmente. É preciso o poder de amar!

[…]

E podem torcer as coisas como quiserem, mas o amor é dom e uma acolhida. O beijo é um belo símbolo de amor: é ao mesmo tempo sinal de dom e de acolhida. Um beijo não acolhido não é verdadeiramente um beijo. Uma estátua de lábios de mármore não recebe beijos, só lábios vivos. E lábios vivos são os que acolhem e dão ao mesmo tempo. O beijo é um gesto admirável e, exatamente por isso, é preciso não prostitui-lo, não brincar com ele; é preciso preservá-lo como sinal de algo extremamente profundo (e aqui chegamos ao âmago de tudo o que a Igreja pensa em matéria de moral sexual). O beijo é troca de sopros que significa a troca de nossas profundezas; sopro-me em ti, expiro-me em ti, aspiro-te em mim, de tal modo que estou em ti e tu em mim.

Ou seja, descentro-me para que meu próprio centro não mais me pertença; de agora em diante, sejas tu o meu núcleo. A ti é que amo, a ti que és meu centro, vivo para ti e por ti; sei que tu também te descentras, não és mais o centro para ti mesmo, estás centrado em mim. Estou centrado em ti, vivo por ti. Estás centrado em mim, vives por mim e vivemos os dois um pelo outro. Amar é viver para outro (dom) e viver pelo outro (acolhida). Amar é renunciar a viver em si, por si e para si.

Eis o mistério da Trindade: se o amor é acolhida, é necessário que haja diversas pessoas em Deus. Ninguém se dá a si mesmo, nem a si mesmo acolhe. A vida de Deus é essa vida de acolhida e dom. O Pai é movimento para o Filho. Ele não é senão pelo Filho. São realmente os filhos que dão às mulheres a condição de mães; sem eles, não o seriam. Ora, o Pai, sendo paternidade, não o é senão pelo Filho. O Filho é Filho para o Pai e pelo Pai. E o Espírito Santo é o beijo entre eles.

Sendo essa a vida de Deus – de acolhida e dom –, se devo tornar-me o que Deus é, não desejarei ser um ser solitário. Se sou um solitário, não me assemelho a Deus. E se não me assemelho a Deus, a questão de compartilhar eternamente de sua vida não me será proposta. É a isto que se chama pecado: não assemelhar-se a Deus, não tender a tornar-se o que ele é, dom e acolhida.

François Varillon
em Crer para viver

Via: Bacia das Almas

Você tem ouvido sua consciência?

“Conserve a sua fé e mantenha a sua consciência limpa. Algumas pessoas não têm escutado a sua própria consciência, e isso tem causado a destruição da sua fé” 1 Timóteo 19

Ontem estava lendo a Bíblia e este versículo me chamou atenção, lembrei de algumas coisas que aparecem nos termos de busca aqui do blog (Termos de Busca: quando você digita alguma coisa no google e clica em algum site, a frase ou palavra que você digitou aparece nas estatísticas do site que você foi direcionado), muitas pessoas digitam coisas do tipo “O que um cristão pode fazer?”, “Posso fazer tal coisa?”, “Como sei que tal coisa agrada a Deus” e tantas outras frases do tipo! Imagino eu que buscando respostas prontas do tipo “Hoje no post de hoje vou falar sobre que tipos de lugares o cristão pode freqüentar” ou “Hoje vou falar sobre TODAS as coisas que um cristão pode fazer durante o namoro”, acho isso muito estranho por que ao lermos a Bíblia tudo o que encontramos são CONSELHOS sobre como o cristão deve se portar, e além disso, convenhamos que apesar da Bíblia ser muito atual nos assuntos que aborda, existem certas coisas que não existiam na época em que ela foi escrita e nesses casos acho que ninguém melhor que a nossa consciência para nos ajudar na forma como devemos agir, pois como já dizia o ditado, “cada cabeça uma sentença” ou como a Bíblia nos diz:

 “Aceitem o que é fraco na fé, sem discutir assuntos controvertidos. Um crê que pode comer de tudo; já outro, cuja fé é fraca, come apenas alimentos vegetais. Aquele que come de tudo não deve desprezar o que não come, e aquele que não come de tudo não deve condenar aquele que come, pois Deus o aceitou. Quem é você para julgar o servo alheio? É para o seu senhor que ele está de pé ou cai. E ficará de pé, pois o Senhor é capaz de o sustentar. Há quem considere um dia mais sagrado que outro; há quem considere iguais todos os dias. Cada um deve estar plenamente convicto em sua própria mente. Aquele que considera um dia como especial, para o Senhor assim o faz. Aquele que come carne, come para o Senhor, pois dá graças a Deus; e aquele que se abstém, para o Senhor se abstém, e dá graças a Deus. Pois nenhum de nós vive apenas para si, e nenhum de nós morre apenas para si. Se vivemos, vivemos para o Senhor; e, se morremos, morremos para o Senhor. Assim, quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor. Por esta razão Cristo morreu e voltou a viver, para ser Senhor de vivos e de mortos.” Romanos 14:1-9

Sobre o que eu falei, acho que alguns podem dizer, “ah, mas a pessoa está atrás de um conselho…”, e eu concordo, tem certos casos que você percebe que a pessoa está pedindo ajuda, realmente está na dúvida do que fazer em determinado momento, mas em outros, o que podemos ver é que a pessoa está com preguiça de ORAR, MEDITAR, LER A BÍBLIA ou por que não dizer também: preguiça de PENSAR!! É triste, mas é verdade, e arrisco-me a dizer também que essas pessoas estão fazendo o dever de casa direitinho de algumas igrejas, por que uma coisa é verdade: creio que em alguns casos as igrejas colocam N regras, leis, códigos de condutas e afins para colocarem um cabresto nas pessoas e impedirem que elas pensem e vivam fora da caixa, por que quando está todo mundo como um robozinho, fica bem mais fácil controlar a massa, não é mesmo?

Acho que hoje meu post ficou meio revoltado… rs. Mas é isso aí, espero que tenham gostado! (Se gostaram ou não, DEIXEM COMENTÁRIOS! rs)

Deus abençoe a todos!

Júlia

Traduções contemporâneas dos dez mandamentos

I Não terás outros deuses
Não crerás na existência de outros deuses, senão de Deus.
Não explicarás o universo senão em relação a Deus.
Não terás outro critério de verdade senão Deus.
Não te relacionarás com pseudodivindades, senão com Deus.
Não dependerás de falsos deuses, senão de Deus.
Não terás satisfação em nada que exclua Deus.

II Não farás imagens
Não tratarás como Deus o que não é Deus.
Não compararás Deus com qualquer de suas criaturas.
Não atribuirás poder divino a qualquer das criaturas de Deus.
Não colocarás nenhuma criatura entre ti e o teu Deus.
Não diminuirás Deus para que possas compreendê-lo ou dominá-lo.
Não adorarás qualquer criatura que pretenda representar Deus.

III Não tomarás o nome do teu Deus em vão
Não dissociarás o nome da pessoa de Deus.
Não colocarás palavras na boca de Deus.
Não te esconderás atrás do nome de Deus.
Não usarás o nome de Deus para te justificares.
Não te relacionarás com uma idéia a respeito de Deus, senão com o próprio Deus.
Não semearás dúvidas respeito do caráter e da identidade de Deus.

IV Lembra-te do sábado
Não deixarás de dedicar tempo exclusivamente para Deus.
Não deixarás de prestar atenção em Deus.
Não deixarás de descansar em Deus.
Não derivarás teu valor da tua produtividade.
Não tratarás a vida como tua conquista.
Não deixarás de reconhecer que em tudo dependes de Deus.

V Honra teu pai e tua mãe
Não negarás tua origem.
Não terás vergonha do teu passado.
Não deixarás de fazer as pazes com tua história.
Não destruirás a família.
Não banalizarás a autoridade dos pais em relação aos filhos.
Não deixarás teu pai e tua mãe sem o melhor dos teus cuidados.

VI Não matarás
Não tirarás a vida de alguém.
Não tirarás ninguém da vida.
Não negarás o perdão
Não farás justiça com tuas mãos movidas pelo ódio.
Não negarás ao outro a oportunidade de existir na tua vida.
Não construirás uma sociedade que mata.

VII Não adulterarás
Não farás sexo.
Não farás sexo na imaginação.
Não farás sexo virtual.
Exceto com teu cônjuge.
Não te deixarás dominar pelos teus instintos físicos.
Não terás um coração leviano e infiel.
Não te satisfarás apenas no sexo, mas te realizarás acima de tudo no amor.

VIII Não furtarás
Não vincularás tua satisfação às tuas posses.
Não te deixarás dominar pelo desejo do que não possuis.
Não usurparás a propriedade e o direito alheios.
Não deixarás de praticar a gratidão.
Não construirás uma imagem às custas do que não podes ter.
Não pensarás só em ti mesmo.

IX Não dirás falso testemunho
Não dirás mentiras.
Não dirás meias verdades.
Não acrescentarás nada à verdade.
Não retirarás nada da verdade.
Não destruirás teu próximo com tuas palavras.
Não dirás ter visto o que não vistes.

X Não cobiçarás
Não viverás em função do que não tens.
Não desprezarás o que tens.
Não te colocarás na condição de injustiçado.
Não desdenharás os méritos alheios.
Não duvidarás da equanimidade das dádivas de Deus.
Não viverás para fazer teu o que é do teu próximo, mas do teu próximo o que é teu.

Via: Ed René Kivitz

No princípio eram três CDs

Engenheiro e cristão, Nelson Saba trocou o emprego por uma missão: converter o mercado a adotar o que considera a Bíblia digital definitiva.

UMA MISSÃO: Nelson Saba em seu escritório em Orlando, Flórida, e sua Bíblia digital. Ele pretende conquistar novos leitores – e compradores – do texto sagrado

O brasileiro Nelson Saba trabalhava em Nova York com amplas perspectivas de carreira no setor de tecnologia da informação, quando vislumbrou o que realmente queria fazer de sua vida. A inspiração se transformou num plano bem claro ao longo dos nove anos seguintes. Seu novo propósito exigiria que ele deixasse o emprego seguro e bem remunerado. Saba fez a transição de forma lenta, o que não significa que sua inspiração fosse menos poderosa ou ambiciosa. Ele tentaria fazer a melhor Bíblia digital do mundo. “Era o meu destino. Era o que eu estava aqui para fazer. Quando você tem uma visão assim, isso te consome”, diz o engenheiro, hoje com 52 anos, sócio e executivo-chefe da Immersion Digital, responsável pela Bíblia digital Glow.

Saba, um evangélico, manifesta sua religiosidade com a discrição e a abordagem metódica que convém a um engenheiro formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), que forma profissionais disputadíssimos pelas grandes empresas. Assim que pegou o diploma, começou a trabalhar no banco americano Citibank. Em 1985, foi transferido para Orlando, e de lá para Nova York. Começou a escalar os cargos a sua frente – ao mesmo tempo que pensava nos detalhes do futuro empreendimento. Em 1994, percebeu que chegara o momento de escolher um dos caminhos possíveis. Pelo mais seguro, abraçaria as responsabilidades de vice-presidente de tecnologia do banco. Pelo mais árduo, tentaria converter as massas à leitura da Bíblia digital.

Nos dois anos seguintes, trabalhou como consultor financeiro autônomo, enquanto organizava sua primeira empresa. Investiu US$ 48 mil na compra de equipamento e software e reuniu amigos programadores em torno da missão de desenvolver uma Bíblia multimídia. Naquela ocasião, não havia produto parecido no mercado, o que atrapalhava o relacionamento com potenciais parceiros e investidores. “Ninguém confiava num produto que não conhecia. No começo, era muito mais provável dar errado do que dar certo”, diz. O resultado foi a iLumina, uma Bíblia digital que vendeu 600 mil exemplares.

O bom resultado empolgou Saba. Enquanto estudava como melhorar a iLumina, ganhou uma espécie de curso doméstico sobre o comportamento das novas gerações: observava a evolução dos hábitos de leitura das filhas mais velhas, hoje com 25 e 17 anos (ele teria mais duas, hoje com 6 e 4). Em 2006, teve o impulso definitivo para tentar um novo lançamento. Numa reunião na casa de um amigo na Califórnia, conheceu um taiwanês chamado Tim Chen, a quem explicou seu projeto. Por e-mail, Tim trouxe para a conversa seu irmão, Phil Chen – também evangélico, formado em física, matem

ática pura e teologia e sobrinho do fundador do gigante de eletrônicos HTC, que faturou US$ 9,6 bilhões no ano passado (desde 2009, Phil é também diretor da companhia). Saba e Phil se conheceram na Califórnia e criaram uma nova empresa, a Immersion Digital, sem nenhuma conexão com a HTC. Phil liderou o levantamento de US$ 8 milhões com a família e outros investidores para a criação da Glow, ou Glo, como é chamada nos Estados Unidos.

O resultado foi uma Bíblia digital e interativa elogiada até por concorrentes, com jeito de enciclopédia, milhares de verbetes, mais de três horas de vídeos de alta definição, 500 imagens em 360 graus de locais sagrados e cerca de 2.400 fotos (incluindo obras de arte com temas religiosos e imagens de satélite dos locais mencionados), compactada em três CDs. O usuário pode fazer marcações e comentários e pedir ao software planos de leitura de partes específicas da Bíblia ao longo de períodos determinados. Apesar de pesada (18 Gb) e cara (US$ 90), foi aprovada pelo público americano. Desde o lançamento nos Estados Unidos, em setembro de 2009, houve 65 mil instalações do software e há uma média diária de 1.000 downloads (formato ainda não disponível no Brasil). O lançamento no Brasil, em agosto de 2010, teve resultado mais modesto, mas significativo – 8 mil unidades vendidas até o momento. Apenas para comparação, cerca de 35 mil exemplares da enciclopédia digital Barsa são vendidos em média no mesmo período. Mesmo assim, Saba mantém sob controle as expectativas com relação ao Brasil.
Por meio de um amigo, o brasileiro conheceu seu
sócio – um taiwanês cristão de uma família bilionária

Ainda é cedo para afirmar o que ele e Chen conseguirão no mercado brasileiro, embora haja alguns sinais promissores. Segundo a empresa de pesquisas Ipsos, os evangélicos, um grupo assíduo na compra de Bíblias, mostram vontade de consumir tecnologia e informação. Entre eles, a intenção de compra de eletroeletrônicos e de acesso à TV por assinatura é superior à média dos brasileiros. Também é perceptível uma tendência de crescimento da fatia mais jovem, de pessoas entre 13 e 29 anos, nos grupos que se definem como evangélicos ou católicos.

É o caso do estudante Eliel David da Silva, de 16 anos, que vive no Recife. Toda tarde, depois da escola, ele pega o notebook, deita-se na cama e começa a clicar. Entre trocas de mensagens com amigos e espiadelas na rede social Orkut, o garoto faz passeios virtuais pela Glow e diz ler os textos. “Assim eu vou vendo mapas e fotos e escolho fácil que passagem eu quero ler.” Eliel instalou o software na metade de março. Talvez enjoe logo da novidade. Mas há uma chance de que ele se torne um leitor regular e mostre aos amigos evangélicos da mesma idade aquela Bíblia movimentada. Saba e Chen não rezam por isso. Só torcem e trabalham muito para que aconteça.

NOVA GERAÇÃO: O estudante Eliel David da Silva e sua Bíblia digital instalada. Ele diz que assiste aos vídeos, vê fotos e lê os textos

Fonte: Revista Época