Um pára-brisa estilhaçado

Uns dias atrás, eu estava dirigindo em uma auto-estrada quando o caminhão da frente fez com que uma pedrinha voasse e pegasse no pára-brisa do meu carro e fez um pequeno buraquinho no vidro. Quando ouvi o barulho tomei um susto, mas logo vi que não passava de um pequeno buraquinho, quase nada.

O problema é que de um buraquinho se tornou uma rachadura e, com o tempo só foi aumentando.

É interessante que o vidro não estilhaçou em cima de mim. Ele foi feito para, mesmo quebrado em várias partes, ficar preso um no outro. Mas eu já vi antes o que acontece com os pára-brisas rachados. Com o tempo, eles ficam em pequenos fragmentos de vidro, até chegar o ponto onde caem por completo. Como um pedaço inteiro!

Tenho a impressão de que algum caminhão jogou uma pedrinha uns 30 anos atrás no pára-brisa de nós, evangélicos no Brasil.

Desde a reforma, nós protestantes temos como característica as divergências de interpretação entre uns e outros. Acredito que isso aconteça pelo fato de termos livre acesso às escrituras.

Mas, nos últimos anos, confundimos o livre exame das escrituras com a livre interpretação das escrituras. E o que é pior, caímos em uma igreja com líderes personalistas, uma igreja não mais centralizada na palavra, mas nos líderes, pastores, bispos e apóstolos.

Nas últimas décadas novas igrejas estão brotando como ervas daninhas no Brasil. Os desavisados logo falariam um ALELUIA bem forte e dariam um sorriso por estarem presenciando o avivamento tão esperado.

Mas, infelizmente, não é esse o nosso caso. Quando vamos observar, o surgimento das novas igrejas, em sua grande parte, é fruto de divisões de líderes cegados por sua vontade e seus sonhos e que não conseguiram permanecer em uma igreja na qual eles não estavam no controle.

Esse movimento gerou igrejas, de certa forma, mais contextualizadas aos nossos dias, mas por outro lado, igrejas cercadas por líderes com mega egos, que tratam as igrejas que fundaram como se fossem deles, se colocando no lugar do Espírito de Deus.

Alguns, na década de 70 e 80, podiam até dizer que era um pequeno movimento paralelo a instituição eclesiástica, algo insignificante como uma pequena rachadura, mas vemos que depois de algumas décadas a igreja evangélica brasileira se fragmentou por completo em pequenos pedaços que se romperam um dos outros há tempos, mas que ainda não estilhaçou.

Hoje, falar em uma representatividade dos evangélicos brasileiros perante as autoridades e órgãos de comunicação é motivo de piada.Existem centenas de pastores que só representam os seus próprios impérios, os seus reininhos.

O grande problema é que se continuarmos dessa forma, assim como o meu pára-brisa, a igreja brasileira vai chegar ao seu limite de fragmentação e desunião, aí ela cairá por inteiro!

Deus tenha misericórdia de nós.

Via: Marcos Botelho

Sobre Sinal do Reino
Um blog que traz mensagens diárias do cotidiano da vida cristã, feito por cristãos como qualquer outro. Não somos pastores, nem teólogos, muito menos apóstolos, profetas ou seja lá o que for. Somos almas sobreviventes que teimam em seguir a Cristo apesar da igreja e este blog traz uma pouco dos nossos pensamentos e histórias

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